segunda-feira, novembro 26, 2012

Murilo Mendes sofre com ciúme até do pai e da mãe da mulher amada, sem falar do homem que a desvirginou. E também de Deus, que o matando poderia extinguir enfim seu ciúme.


Poesia do ciúme

Eu nunca poderia aplacar esta ânsia absoluta,
Esta gana que tenho de ti
- Mesmo se te possuísse.
Eu tenho ciúme do teu pai e da tua mãe,
Eu tenho ciúme daquele que te desvirginou,
Eu tenho ciúme de Deus
Que fundiu o molde da tua alma rebelada,
De Deus que me matando poderia
Extinguir enfim meu ciúme
Na noite total sem pensamento e sem sexo.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes

Nenhum comentário: