terça-feira, dezembro 20, 2011

No fundo de mim estou eu e sei que não sou sem fim. E no fundo de mim sou sem fundo, reconhece Antonio Cícero.


Dilema
 
O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imenso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.
 
Antonio Cícero
(1945)

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