quarta-feira, dezembro 21, 2011

Aconteceu de tudo, até demoliram uma mulher a sons de clarinete. E Murilo Mendes escreve para se tornar invisível, para perder a chave do abismo.



A fatalidade

Um moço azul atirou-se de um jasmineiro
Os sinos perderam a fala
A fértil sementeira de espadas
Atrai o olhar das crianças

Não existem mais dimensões
Nem cálculos possíveis
O vento caminha
A léguas da história
As rosas quebram a vidraça.

Demoliram uma mulher
A sons de clarinete.

Escrevo para me tornar invisível,
Para perder a chave do abismo.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes

Nenhum comentário: