quarta-feira, maio 19, 2010

Em seu poema da solidão, Ferreira Gullar sente que brotou da carne o clima alucinatório. E que a lua o acolherá.


Poema da solidão


Rente às paredes do corpo
solidificou-se a noite
Não dela, brotou da carne
o clima alucinatório
A noite não cessará!

Roça a casa o rio mudo
que nas sombras se extravia
Na sua líquida noite
arrasta corpos translúcidos
que rolam por sobre flores.
Noturnas margens. Silêncio.
O rio me quererá.

A névoa me limita os os olhos
e dissipa as ventanias.
A lua fantasmagórica
de movediço contorno
floresce nas águas fundas
A lua me acolherá.

Ferreira Gullar

Mais sobre Ferreira Gullar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ferreira_Gullar

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