sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Apaixonado, Cristóvão Ayres sabe que aquele olhos fazem vassalos por onde passam. E quem os quiser possuir, há de comprá-los.


Lésbia*


Não há olhar mais doce
nem mais formosa boca,
nem mais suave e etérea formosura;
porém no olhar dessa criança louca
nem o reflexo duma crença pura!
É como se ele fosse
talhado em pedra dura.

Aquele seio dela, essa riqueza
que não tem outro igual em toda a Terra,
aquele coração onde ela encerra
tão gélidos desdéns, tanta frieza,
aquela boca, coralínea taça,
que pede beijos e recusa dá-los,
aquele altivo olhar que faz vassalos
por onde passa,
todos esses prodígios de beleza,
todo esse imenso abismo da desgraça,
quem os quiser possuir... há de comprá-los!

Cristóvão Ayres
(1853-1930)

Mais sobre Cristóvão Ayres em
http://en.wikipedia.org/wiki/Crist%C3%B3v%C3%A3o_Aires

*A musa do poeta latino Caio Valerio Catulo (87-54 a.C.)

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