terça-feira, agosto 25, 2009

Como era bom alisar seu traseiro marmóreo, diz Carlos Drummond. Lembrando daqueles momentos em que só a bunda existia, o resto era miragem.


Era bom alisar seu traseiro marmóreo


Era bom alisar seu traseiro marmóreo
e nele soletrar meu destino completo:
paixão, volúpia, dor, vida e morte beijando-se
em alvos esponsais numa curva infinita.

Era amargo sentir em seu frio traseiro
a cor de outro final, a esférica renúncia
a toda aspiração de amá-la de outra forma.
Só a bunda existia, o resto era miragem.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

Mais sobre Carlos Drummond de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade

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