sexta-feira, abril 17, 2009

João Cabral de Melo caminhava as ruas de uma grande cidade. E os acontecimentos nunca o encontravam.


"Eu caminhava as ruas..."


Eu caminhava as ruas de uma grande cidade
os acontecimentos nunca me encontravam.
Em vão dobrava as esquinas
lia os jornais.
Todos os lugares do crime estavam tomados.

Alguém devia receber
mensagens impossiveis
para os telégrafos mecânicos
voando sobre os telhados.
Alguém partia com os pássaros.
Alguém devia perceber
que as pontes conduzem a Marte.

Os cronômetros traziam presos
o tempo e os homens de negócio.
Tu voltavas a cada trem do horário
com regularidade e nenhum imprevisto.

Podiam-se explicar
sem sombra de tempestade
as criações científicas mais evidentemente a magia negra.

João Cabral de Melo
(1920-1999)

Mais sobre João Cabral de Melo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Neto

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