domingo, março 15, 2009

Para Joaquim Cardozo, não importa como se chama a pequena chuva inconstante e breve. Ele quer muito bem à doce chuva, quer se chame Tereza ou Maria.



Chuva de caju


Como te chamas, pequena chuva inconstante e breve?
Como te chamas, dize, chuva simples e leve?
Tereza? Maria?
Entra, invade a casa, molha o chão,
Molha a mesa e os livros.
Sei de onde vens, sei por onde andaste.
Vens dos subúrbios distantes, dos sítios aromáticos.
Onde as mangueiras florescem, onde há cajus e mangabas,
Onde os coqueiros se aprumam nos baldes dos viveiros
E em noites de lua cheia passam rondando os maruins:
Lama viva, espírito do ar noturno do mangue.
Invade a casa, molha o chão,
Muito me agrada a tua companhia,
Porque eu te quero muito bem, doce chuva,
Quer te chames Tereza ou Maria.

Joaquim Cardozo
(1897-1978)

Mais sobre Joaquim Cardozo em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Cardoso

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