terça-feira, março 10, 2009

As minhas ilusões, diz Florbela Espanca, também as vi levar em urna d'oiro. No Mar da Vida, assim, uma por uma.


As minhas ilusões


Hora sagrada dum entardecer
D'Outono, à beira-mar, cor de safira.
Soa no ar uma invisível lira...
O sol é um doente a enlanguescer...

A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cabeça que delira
Num último suspiro, a estremecer!

O sol morreu...e veste luto o mar...
E eu vejo a urna d'oiro, a baloiçar,
À flor das ondas, num lençol d'espuma!

As minhas Ilusões, doce tesoiro,
Também as vi levar em urna d'oiro,
No Mar da Vida, assim...uma por uma...

Florbela Espanca
(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

Um comentário:

Anônimo disse...

Tão doce, triste e maestra!
Ela brinca, senhora das rimas...Divina!