domingo, agosto 31, 2008

Para Quintana, era a flor da morte e era uma canção tão linda que só se poderia ler dançando. Era uma pobre canção, ingênua e frágil, que nada dizia.


A canção


Era a flor da morte
E era uma canção...

Tão linda que só se poderia ler dançando.

E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam mergulhadas as suas raízes...
Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio

Onde a morte jazia com os seus cabelos esparsos
Com os seus dedos sem anéis
Com os seus lábios imóveis

E que talvez houvessem desaprendido para sempre até as sílabas com que outrora pronunciavam meu nome...
Onde a morta jazia, na sua misteriosa ingratidão!

Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...


Mario Quintana
(1906-1994)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

Nenhum comentário: