segunda-feira, maio 12, 2008

Sei que me tens amor, de que serve fingir se não pode escondê-lo de ninguém? Irrita Florbela o desdém de quem olha de longe o mundo e a vaidade.


Desdenhando


Irrita-me esse olhar tão de desdém,
Esse teu ar de superioridade,
Altivo para mim, como de quem
Olha de longe o mundo e a vaidade.

Sei que me tens amor, e na verdade,
de que serve fingir, se quem o tem
Nunca pode escondê-lo de ninguém;
E toda a gente o tem na nossa idade!

"Amor" - linda palavra, tão suave!
É riso de criança, trilo d'ave,
Renda tecida à noite p'lo luar!

Eu digo-a tantas vezes com fervor,
Que nem sei como ela, meu Amor,
Te custe uma só vez a murmurar!...


Florbela Espanca
(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

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