quarta-feira, março 12, 2008

Numa aventura estranha, Moacyr Félix fugiu do estreito túmulo em que se entorcia para uma ampliação sem fim. Quando voltou, não sabia mais quem era.


Auto-Retrato

Certa vez, numa aventura estranha
fugi
do estreito túmulo em que me estorcia
para uma ampliação sem fim.
Quando voltei
e senti, de novo, ferindo-me, o peso dos grilhões,
então não mais sabia quem eu era.
E nunca mais soube quem eu sou.
Talvez a sombra triste de um sonho de poeta.
Talvez a misteriosa alma de uma estrela
a guardar ainda no profundo cerne
a ilógica saudade de um passado astral.

Moacyr Félix
(1926-2005)

Mais sobre Moacyr Félix em
http://en.wikipedia.org/wiki/Moacyr_F%C3%A9lix

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