sábado, março 31, 2007

Mario de Andrade sentia toda a grandeza do amor na evasão total do pejo que nasce das imperfeições. E o encanto que nasce das adorações serenas.


Soneto


Aceitarás o amor como eu o encaro?...
...Azul bem leve, um nimbo, suavemente.
Guarda-te a imagem, como um anteparo
Contra estes móveis de banal presente.

Tudo o que há de melhor e mais raro
Vive em teu corpo nu de adolescente,
A perna assim jogada e o braço, claro
Olhar preso no meu, perdidamente.

Não exijas mais nada. Não desejo
Também mais nada, só te olhar, enquanto
a realidade é simples, e isto apenas.

Que grandeza...A evasão total do pejo
Que nasce das imperfeições. O encanto
que nasce das adorações serenas.

Mário de Andrade

(1893-1945)

Mais sobre Mário de Andrade em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_Andrade

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