sábado, dezembro 09, 2006

Fernando Pessoa e o cavaleiro monge, que nele caminha do vale à montanha, da montanha ao monte.


Do vale à montanha

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por casas, por prados,
Por Quinta e por fonte,
Caminhais aliados.
Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por penhascos pretos,
Atrás e defronte,
Caminhais secretos.

Do vale à montanha,
Da montanha ao monte,
Cavalo de sombra,
Cavaleiro monge,
Por quanto é sem fim,
Sem ninguém que o conte,
Caminhais em mim.


Fernando Pessoa
(1888-1935)

Mais sobre Fernando Pessoa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

Um comentário:

Barros de Alencar disse...

O que comentar, quando o mestre fala, será que fala pelo seu grande intelecto ou sua maior ainda sensibilidade.
Quando escrevo, quem sou para comparativos, falo do meu sentimneto, rude, groseiro e sem a cultura devida, mais com o olhar e o intecto turvos, da minha mesquinha vidinha, vida que se reflete na minha pobre, pequenina e insignificante história de errente: das letras, das palavras, pelos sertões.
Abs.